terça-feira, 7 de setembro de 2010

Serenamente Morta

Encontraram-na deitada na cama, serenamente morta. Ataque cardíaco, disseram, e a certeza era tanta que ninguém via necessidade de uma autópsia. Porém um amigo muito querido afirmou solenemente estar convencido que ela tinha morrido de tristeza. Não estava sugerindo nenhum tipo de suicídio, esclareceu, mas queria apenas dizer que ela simplesmente tinha saído da vida discretamente, sem que ninguém desse conta. Morria devagar, um pouquinho a cada dia até não sobrar vida nenhuma dentro dela.
Às vezes acontece e não é tão raro como se pode pensar. Soube que aconteceu a mesma coisa a um sujeito a quem a mulher abandonou para ir viver com outra. E também com uma vizinha cujo marido faleceu depois de sessenta anos juntos. A senhorinha não aguentou nem uma semana, morreu logo depois afogada na tristeza.

5 comentários:

  1. Sim, acontece muito.
    Já ouvi casos de mortes serenas.

    abraço

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  2. Dizem que a tristeza acomete o coração. E as vezes o amor impõe regras do tipo:
    - não aceitamos troca.
    Se assim é, foi do coração que ela morreu. Morreu à francesa.
    Gostei deste conto, Fábio.
    Cheguei a lembrar Nelson Rodrigues (um tanto light, é claro)

    abraços,

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  3. Oi!
    Eu estagiei por um tempo no PS e uma certa ocasião um senhor morreu sem motivo aparente, filhos explicaram depois que tinha perdido a esposa [50 anos de casado], o Dr me olhou e disse: Viu Nanda, tristeza tbém mata.

    Mas eu me pergunto, como evitá-la?

    ADoro te ler!

    gdes beijos!

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