segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Felicidade

Todo mundo achava graça quando ele dizia, com seu cinismo habitual, que a felicidade existia e tinha até telefone.

Afirmava que ligava com frequência, quase sempre quando se sentia triste e desesperado. E brincava alegando que essa era a única felicidade que recebia suas chamadas.

Não chegava nem a falar com ela, quando atendiam o telefone, perguntava apenas se a felicidade estava e desligava logo em seguida, confortado apenas com o fato de saber que ela estava lá, que existia.


Até que:

“Não foi possível completar a sua chamada, o número discado não existe...”


Não houve lista telefônica que o salvasse, chegou mesmo a procura-la no antigo endereço que se recordava, mas apenas confirmou que se mudara, talvez para outro país. Ninguém sabia ao certo, todos com quem falou mal conheciam a felicidade para dar-lhe informações mais precisas.

Isso o deixou tão fora de si, que fez uma tentativa de suicídio. Como tudo que fazia na vida, realizou a tarefa com muito empenho e pouca sorte. Tanto assim que foi bem sucedido na primeira tentativa, sem nem mesmo estar a espera. Morreu sem deixar testamento ou carta de despedida.


A felicidade não foi ao funeral, mas telefonou para dar os pêsames.

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5 comentários:

  1. putz, q bobo...
    felicidade se agarra logo, deixar escapar é insano.

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  2. Liga pra mim, nnc dará desligado, rs rs.

    Brincadeira.
    Bjs ú&e =**

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  3. Felicidade é assim ,passageira, só aparece em momentos da vida. mas nem por isso devemos nos entregar pq a perdemos, esperar que logo aparece. Mesmo que breve.
    bjsss

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  4. A minha ligação sempre cai na caixa postal. Nem sei se isso é bom porque essa coisa de 'deixe seu recado' pode ser um truque da dona esperança.

    MeninaMisteriosa

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