domingo, 13 de fevereiro de 2011

Arnaldo Estevão dos Santos conheceu o Diabo.

Foi numa solitária noite em que o Flamengo havia sido eliminado da Copa Toyota Libertadores da América. Dois gols do maldito gordo Cabañas. Noite triste aquela, mais triste e vazia do que de costume e o Diabo simplesmente apareceu com uma garrafa de conhaque debaixo do braço, um sorriso sarcástico e palavras de compreensão.
O Diabo não é bonito, mas é simpático e tem aquela pinta de cafajeste bem vestido que faria sucesso com as mulheres se ele estivesse interessado na própria luxúria.

Enquanto a garrafa esvaziava O Diabo lhe falava sobre castelos escoceses, monges tibetanos, banqueiros americanos e prostitutas russas. Obviamente ele era muito bom de conversa e um grande contador de histórias. Contou um caso realmente engraçado sobre o pacto que fez uma apresentadora de programas infantis. O Diabo era bem relacionado.

Arnaldo era até então um pobre coitado derrotado pela vida, não que não estivesse onde realmente merecia, mas a consciência disso não o impedia de desejar coisas melhores. Não era burro e muito menos ingenuo, pelo contrário era bastante esperto , não devia ficar muito atrás do próprio diabo nesse sentindo.
“Tu é um cara legal... Um grande filho da puta, mas legal” O Diabo apenas sorri e lhe serve mais uma dose.
“Não que eu seja um bocó sentimental, mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo”
“Só Drummond só Drummond só Drummond só Drummond...” Cantarola o Diabo.
Gargalhadas enchem o ambiente e Arnaldo ergue seu copo num gesto de brinde: “À filha de Baby”.

A noite escorre pelo ralo da madrugada e a garrafa finalmente esvazia.
Com o diabo não tem linhas tortas, o papo é reto, a entrega garantida e o pagamento obrigatório.
Quando os primeiros raios de sol aparecem no horizonte O Diabo faz sua proposta. Arnaldo deve fazer uma lista com o nome de algumas pessoas, as que ele mais ama no mundo. Apenas isso por enquanto. O resto se acerta depois.
É claro que coisa boa não há de vir do Diabo, mas Arnaldo é o tipo de sujeito que, como dizem, venderia a própria mãe. Não pensa muito e decide fazer a tal lista.

E tudo muda na vida de Arnaldo. Ele conhece os castelos escoceses, os monges tibetanos, banqueiros americanos, as prostitutas russas e muito mais. Tem noites tórridas de sexo com a apresentadora de programa infantil que também fez pacto com o Diabo, mas usa camisinha pra não correr o risco de botar o anticristo no mundo. Há dinheiro, há mulheres, O Flamengo é Campeão Brasileiro e, em um bar qualquer, alguém dá um tiro na cabeça do Cabañas. A vida nunca foi tão boa.

Até que numa noite diferente, mas bem parecida com a primeira, apesar da vitória o Flamengo é novamente eliminado da Libertadores... E aparece o Diabo para cobrar a dívida.
Dessa vez não há conhaque, não há histórias, não citações de poetas, não há sorrisos nem papo furado.
Com o diabo não tem linhas tortas, o papo é reto, a entrega garantida e o pagamento obrigatório.
A lista é posta na mesa, as pessoas que ele mais ama. Terá que matar todas, uma por uma.
Arnaldo não titubeia, chega até mesmo a sorrir. Matar... Nunca havia feito isso antes.
E começa pelo primeiro nome da lista, a pessoa que ele mais ama no mundo... Ele mesmo.

2 comentários:

  1. Um puta time,
    um grande personagem,
    e um baita final.
    história do caralho, Fábio.

    abraço

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  2. só do flamengo ser eliminado já é o inferno...

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